25 de mar. de 2010

Simplicidade – dom de Deus ou disciplina humana?


Tiago 1,16-18
Meus amados irmãos, não se deixem enganar. Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes.

I Coríntios 14,1
Sigam o caminho do amor e busquem com dedicação os dons espirituais



Seria a simplicidade, assim como outras virtudes cristãs, uma questão de busca, de dedicação, disciplina, esforço consciente, escolha e ação? Ou a simplicidade seria um dom, um presente, uma obra de Deus em nós, iniciativa do Espírito Santo?

Perguntaríamos de outra forma: O que devo fazer? Tomar uma decisão, revisar meu estilo de vida e me disciplinar? Ou devo somente orar e esperar a ação de Deus em minha vida?

Com toda certeza encontraremos orientação bíblica que nos direcione para estas duas possibilidades.

Por um lado sabemos que nunca poderemos jogar a responsabilidade em Deus se não cultivamos as virtudes cristãs disponíveis aos filhos de Deus; por outro lado, também não queremos afirmar que a santificação é uma obra puramente humana, fruto do esforço próprio, pois não o é.

Poderíamos ainda perguntar: As disciplinas espirituais me tornam mais santo? Ou o fato de ser santificado me faz buscar cada vez mais as disciplinas espirituais ?

Difícil responder, não acha? A resposta provavelmente deve estar no equilíbrio entre as duas coisas.

“Aquilo que fazemos não produz em nós simplicidade, mas nos posiciona no lugar em que podemos recebe-la: diante de Deus, de modo que ele possa operar em nós a graça da simplicidade.” Richard Foster

Em outras palavras quando decidimos buscar a simplicidade e nos dedicamos em permanecer nesta direção, nos colocamos no ambiente em que a ação de Deus acontece.

Gosto da passagem bíblica em que Jesus visita o tanque de Betesta e cura ali um homem paralítico à 38 anos. O tanque de Betesda pode ilustrar estas duas realidades: De um lado o anseio e a busca humana por cura e intervenção divina, e por outro lado a ação exclusiva, sobrenatural e soberana de Deus em Jesus Cristo.

Ir para o “tanque” significa crer que Deus visita os homens e lhes presenteia com sua Graça. Não há garantias de sucesso, apenas busca e desejo da ação de Deus; e a esperança da sua visitação. Seria verdade que o anjo do Senhor visitava as águas do tanque e curava aquele que ali entrava? Não sabemos, mas sabemos que Cristo visitou aquele lugar e curou aquele homem.

Ter um tempo diário de oração não é nenhuma garantia de que vou alcançar uma intimidade com Deus e que vou aprender a discernir a sua voz; mas estou convicto de que a vida de oração é o ambiente da visitação de Deus onde aprendemos a ouvir sua voz e desfrutar sua companhia.

Ler a Bíblia todos os dias não é garantia de que alcançaremos a sabedoria de Deus; mas também sei que não existe sabedoria que não esteja submissa a palavra de Deus, não há conhecimento verdadeiro longe do temor da Palavra de Deus.

Freqüentar a igreja não é garantia de que encontraremos a comunhão cristã, mas sei que a convivência com os outros discípulos de Jesus é ambiente essencial no exercício do amor cristão.

Aprender a desacumular bens materiais, dividir com generosidade e definir prioridades na vida, podem não garantir que nos tornemos pessoas mais simples; mas sem dúvida, estes são caminhos percorridos por quem encontra a simplicidade.

“Aquilo que fazemos não produz em nós simplicidade, mas nos posiciona no lugar em que podemos recebe-la: diante de Deus, de modo que ele possa operar em nós a graça da simplicidade.”

Concluindo creio que enquanto esperamos a visitação do Espírito que opera em nós a verdadeira simplicidade e a virtude cristã, devemos visitar o ambiente da ação de Deus, as disciplinas espirituais, elas representam o anseio e a esperança de quem deseja mais de Deus e espera mais da vida.

Um comentário:

Durcila Cordeiro disse...

Tudo que eu precisava ler nesse momento. Deus o abençoe!