17 de fev. de 2010

ONDE NASCE A SIMPLICIDADE?



Quando observamos as virtudes cristãs nos assombramos com sua grandiosidade, sua força e presença. Quando conhecemos a vida dos homens e mulheres que experimentaram a Deus, contadas pela Bíblia e pela história, nos perguntamos como nasce esta espiritualidade nas pessoas. Este grande e imponente rio da espiritualidade cristã possui uma nascente? Existe um lugar onde vemos uma nascente singela e aparentemente frágil nascendo sob as pedras?

“A vida simples é uma realidade interior que resulta num estilo de vida exterior de liberdade” Richard Foster

A simplicidade, assim como as demais virtudes nascem em nosso interior, dentro do nosso coração, para depois se tornarem ações, atitudes e comportamento. A direção para a qual corre este rio é sempre de dentro para fora. A virtude surge primeiro em nosso coração antes de se tornar exterior e visível.

“O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração” Lucas 6,45

Aquilo que temos dentro de nós, na nascente do nosso coração, virá à tona mais cedo ou mais tarde e revelará quem somos de verdade. Se a simplicidade que desejamos ter não vier do nosso coração será somente uma virtude aparente, superficial e temporária.

“Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são!”

“Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz. Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas.”


O “olho bom” é aquele que revela a simplicidade interior , num desejo puro por Deus e na experiência do seu amor. O “olho mau” por outro lado é ganancioso, dispersivo e insaciável.

“Pureza de coração é desejar uma única coisa” Soren Kierkegaard

A simplicidade do coração consiste em não se deixar seduzir por nada que queira nos satisfazer, mas que esteja fora de Deus.

“Ser simples é fixar os olhos unicamente na simples verdade de Deus quando todos os conceitos se mostrarem confusos e distorcidos.” Dietrich Bonhoeffer

Então nos perguntamos: De onde vem esta nossa necessidade em nos satisfazer em tantas coisas? Seria a incapacidade de nos satisfazermos em Deus? Nosso desejo insaciável por bens, realizações e status revelam que não desejamos a Deus o suficiente?

"Nenhum desejo pode ser plenamente satisfeito fora de Deus" Soren Kierkegaard

Nós só encontraremos a verdadeira satisfação em Deus; e como dizia Agostinho, nossa alma só encontrará descanso no Senhor. Talvez, por isso nossa alma seja tão dispersiva, pois ao desprezarmos a plenitude de Deus em nossa vida, precisaremos de muitas coisas para preencher este espaço deixado por Ele. O fato é, que nunca será o suficiente.

“Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade.” João 1,14

Quando olhamos para a simplicidade de Cristo, vemos um homem que tinha uma única prioridade: honrar o Pai e se deixar ser honrado por Ele. Nada era mais importante ou relevante para Jesus. Este era seu único desejo; esta era sua única missão; e isto dava a Jesus um coração puro e a possibilidade de uma vida simples.

A nascente da simplicidade está no desejo do nosso coração por Deus

Texto inspirado na leitura do livro “A liberdade da simplicidade” de Richard Foster

Um comentário:

Bruno Brasil disse...

Fala Reverendo!
Que belo texto meu irmão..
Acho que muito do que fala ouso também a falar .. mesmo assim escrevendo a lápis...
Grande abraço!
Bruno