12 de mai. de 2010

Cuidado - A vaidade também amadurece !



“Eu queria saber o que vale a pena, debaixo do céu, nos poucos dias da vida humana.” Eclesiastes 2,3

O Eclesiastes foi um homem cheio de vaidades. O que encontramos no capítulo dois de seu livro é praticamente uma confissão. O sábio, descrevendo a própria experiência e os caminhos pelo qual percorreu, não poderia chegar em outra conclusão: Tudo, absolutamente tudo na vida é vaidade.

Este que talvez seja o livro mais indigesto da Bíblia nos convida a reflexões essências para nossa existência. Gostaria de convidá-lo a ouvir a confissão do Eclesiastes e observar o amadurecimento da vaidade que pode habitar em cada um de nós:

1 - Diz a vaidade “sou criança”, o que mais quero é “experimentar”

Nesta fase infantil da vaidade nos entregamos ao hedonismo; a busca do prazer e da alegria instantânea se torna nosso estilo de vida.

( 2,3) “Decidi entregar-me ao vinho e à extravagância, ... Eu queria saber o que vale a pena, debaixo do céu, nos poucos dias da vida humana.”

Descobrimos que a vida é curta e precisamos experimentar tudo o que há de bom, queremos conhecer tudo o que vale a pena. Neste período, conselhos não são bem-vindos, pois a experiência dos outros não nos importa, queremos experimentar por nós mesmos, quer seja bom, quer seja ruim. A ordem do dia é “aproveitar a vida”.

Dizem que esta atitude é característica da juventude, mas ela também está presente em todas fases da vida. Muitos, já na maturidade, resolvem correr atrás do chamado “prejuízo”. São tomados pela sensação de que a vida esta passando e eles estão perdendo alguma coisa importante.

(2,10) “... não me recusei a dar prazer algum ao meu coração.”

Meu medo: Estou perdendo alguma coisa boa que a vida tem a me oferecer?

2 - Diz a vaidade “sou jovem”, o que eu mais quero é “possuir”

Mas a vaidade cresce e expande seus interesses, ela quer mais do que experiências, agora ela quer possuir:

(2,4-8) “... construí casas e plantei vinhas para mim. Fiz jardins e pomares e neles plantei todo tipo de árvore frutífera. Construí também reservatórios para irrigar os meus bosques verdejantes .Comprei escravos e escravas e tive escravos que nasceram em minha casa.
Além disso, tive também mais bois e ovelhas do que todos os que viveram antes de mim em Jerusalém. Ajuntei para mim prata e ouro, tesouros de reis e de províncias. Servi-me de cantores e cantoras, e também de um harém, as delícias dos homens.”

(2,10) “Não me neguei nada que os meus olhos desejaram”


Nos lançamos então, ao objetivo compulsivo de ter. Este vazio que pensamos ser preenchido pelos bens e posses, é explorado exaustivamente pelo sistema consumista em que vivemos. O sentimento é de que quando possuirmos tudo aquilo que deseja o nosso coração, então seremos felizes.

Meu medo: Tenho o suficiente para ser feliz?

3 - Diz a vaidade “sou adulta”, o que eu mais quero é “exercer poder” e “estar em destaque”

(2,9) “Tornei-me mais famoso e poderoso do que todos os que viveram em Jerusalém antes de mim”

Com a vaidade amadurecendo em nosso coração, não necessitamos somente “ter muito”, mas agora é importante “ter mais do que o outro”. Não basta ser grande, é preciso ser maior que todos os demais.

(1,16) "Fiquei pensando: Eu me tornei famoso e ultrapassei em sabedoria todos os que governaram Jerusalém antes de mim; de fato adquiri muita sabedoria e conhecimento."

Ficamos então viciados no exercício do poder, precisamos ter pessoas abaixo de nós para realizar nossas vontades e admirar nossas performances; perigosamente todos os nossos relacionamentos são encarados como um exercício de poder; não lido mais com iguais, todos a minha volta são menores do que eu.

Meu medo: As pessoas me admiram e me respeitam o suficiente?

4 - Diz a vaidade “Estou envelhecendo”, o que eu mais quero é “fazer” diferença.

(2,4) “Lancei-me a grandes projetos”

“Tudo é vaidade quando até mesmo o bem que fazemos é para nossa própria realização”

Li recentemente que homens muito ricos, nos EUA, quando envelhecem, geralmente organizam uma fundação com seu nome, pois percebem a necessidade de contribuir com mundo em que vivem e perpetuar seu nome após sua morte.

(1,16) “ ... ultrapassei em sabedoria todos os que governaram Jerusalém antes de mim; de fato adquiri muita sabedoria e conhecimento.”

A ultima necessidade de nossa vaidade é a realização pessoal e a relevância. O Eclesiastes em seu reinado se lançou na nobre missão de construir um templo para o Senhor. Mas muito além do propósito de honrar a Deus e os benefícios ao povo de Israel que tal empreendimento traria, estava o desejo de fazer história e superar o legado de seu pai Davi.

Com nossa vaidade envelhecida, o que mais tememos é a irrelevância; a possibilidade de não deixar a nossa contribuição para o mundo e para Deus. Tememos não construir com as nossas vidas nada que agrade a Deus.

Meu medo: Sou realmente relevante para este mundo?

(2,11) "Contudo, quando avaliei tudo o que as minhas mãos haviam feito e o trabalho que eu tanto me esforçara para realizar, percebi que tudo foi inútil, foi correr atrás do vento; não há nenhum proveito no que se faz debaixo do sol."

A sabedoria do Eclesiastes o levou a discernir a própria vaidade e a perceber a ilusão dos anseios de seu coração.

Minha reflexão é o quando amadurecemos de fato, como pessoas em direção a simplicidade do Reino de Deus e ao caráter de Jesus Cristo; e o quanto simplesmente é a nossa própria vaidade quem amadurece e passa a se alimentar de novos desejos e ambições

Talvez seja tempo de pedir sabedoria a Deus e tomar coragem para encarar nossas reais motivações, antes que a nossa vida passe e tenhamos este sentimento “eclesiástico” de que a vida foi um desperdício.

Que a graça de Deus nos liberte deste vaidoso coração e nos dê o coração simples de Jesus Cristo.

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