18 de jun. de 2011

VOCÊ VAI ENTRAR PARA A FESTA?


“Todos os publicanos e pecadores estavam se reunindo para ouvi-lo. Mas os fariseus e os mestres da lei o criticavam: Este homem recebe pecadores e come com eles. Então Jesus lhes contou esta parábola ...” Lucas 15,1-3

Os fariseus e os mestres da lei se consideravam o grupo de judeus separado para obedecer fielmente a lei de Deus em todos os seus preceitos. Eles eram extremamente rigorosos em todos os aspectos.

Este grupo de judeus que também se reunia para ouvir Jesus, estava particularmente incomodado com o público extremamente profano e desqualificado a que Jesus atraía. E não raramente, protestavam sobre o fato de um rabino judeu sentar a mesa e ter comunhão com gente tão distante dos preceitos do Senhor.

Em resposta aos fariseus, Jesus conta as três parábolas relatadas em Lucas 15, através destas histórias Jesus explica porque o filho de Deus estava sempre rodeado de pecadores:

“um homem tinha dois filhos”

Assim começa a terceira história contada por Jesus, história que conhecemos como “A parábola do filho pródigo”, titulo que não traduz toda a verdade sobre a história que Jesus contou, pois ela não fala somente de um filho perdido, mas de dois filhos perdidos.

O filho mais novo

“O mais novo disse ao seu pai: ‘Pai, quero a minha parte da herança’. Assim, ele repartiu sua propriedade entre eles. Não muito tempo depois, o filho mais novo reuniu tudo o que tinha, e foi para uma região distante; e lá desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente.”


O filho mais novo é aquele que rompe com sua família e seu pai, pede sua herança e parte para viver uma vida de liberdade e independência, longe da tutela de sua família. No seu caminho perde tudo o que tem e acaba tomando consciência do erro que cometeu. Então humilhado decide voltar para casa e para seu pai, sem saber como seria recebido. E para seu espanto o pai o recebe com alegria e com perdão, aceitando-o de volta na família com uma grande festa.


O filho mais velho

“O filho mais velho encheu-se de ira, e não quis entrar. Então seu pai saiu e insistiu com ele.”


A história poderia ter terminado com a grande festa e a alegria do pai com o filho arrependido que voltou, mas Jesus decide contar o que acontece com o outro filho.

O filho mais velho chega em casa e percebendo que seu pai dava uma festa por causa da volta de seu irmão, fica furioso, recusando-se a entrar na festa. Seu Pai amorosamente vai ao seu encontro insistindo que entrasse na festa, mas ele permanece irredutível.

“Mas ele respondeu ao seu pai: ‘Olha! todos esses anos tenho trabalhado como um escravo ao teu serviço e nunca desobedeci às tuas ordens. Mas tu nunca me deste nem um cabrito para eu festejar com os meus amigos. Mas quando volta para casa esse teu filho, que esbanjou os teus bens com as prostitutas, matas o novilho gordo para ele!”

Com a sua ira o filho mais velho insulta seu pai, tratando-o com desrespeito, ingratidão e expressando todo o seu limitado senso de justiça. Para ele era inadmissível que seu irmão fosse aceito novamente em sua família.

O pai com doçura e paciência, insiste mais uma vez com seu filho “Meu filho, você está sempre comigo, tudo o que é meu é seu” Vamos entrar e nos alegrar com o retorno do teu irmão, ele estava morto, mas voltou a viver, estava perdido e foi achado.

Você vai entrar para a festa?

Repentinamente a história é interrompida, e todos que ouviam Jesus estão na expectativa do que acontecerá. Mas Jesus parece deixar o fim da história para ser concluída por seus ouvintes, os fariseus: O filho mais velho aceitaria o retorno de seu irmão arrependido e entraria para a festa de seu pai? Pergunta Jesus.

Nem sempre percebemos que nesta história existem duas metáforas de salvação. A primeira e mais clara é o retorno do filho arrependido a casa do pai. A segunda metáfora de salvação é o convide do pai para entrar em sua festa.

Jesus está tentando explicar aos seus ouvintes religiosos que se eles não se humilharem e aceitarem o convite do Reino junto com seus irmãos pecadores, eles é que ficarão de fora da festa do Reino do Pai.

Qual dos filhos representa a minha história?

Sou o filho que voltou arrependido por um dia ter virado as costas para Deus? Neste caso, sinto-me como alguém que foi atraído pelo amor do Pai para retornar ao meu lar. Na verdade, sinto-me muito mais amado por Deus do que realmente mereço. Sei que sou alvo de uma graça e misericórdia da qual não sou digno. Sei que um grande sacrifício foi feito para que eu fosse aceito de volta, e sinto-me graciosamente acolhido na família de Deus.

Mas também posso ser o filho frustrado, que se sente esquecido por Deus. Tenho uma sensação de injustiça e sinto que o Pai não correspondeu as minhas expectativas. Na verdade, tenho vontade de desabafar e dizer para Deus que não tenho mais certeza se ele é mesmo justo e bom. Sinto-me como um escravo fazendo a vontade do Pai, pois, de fato, não tenho outra opção. Somente suporto esta vida, pois acredito que haverá uma recompensa, uma herança. No fundo, alimento uma inveja das pessoas que romperam com Deus e foram viver suas vidas de liberdade.

Estranhamente, esta é a situação de uma pessoa religiosa, mas perdida, um crente que precisa de salvação. Há muitas pessoas religiosas que nunca chafurdaram na lama do pecado, mas nunca amaram de fato a retidão. Seu coração permanece na dúvida se a companhia do Pai é mesmo melhor que a liberdade do mundo. Elas também estão perdidas.

Mas o doce convite de Jesus permanece de pé. Aqueles que se humilharem e abrirem mão de sua justiça e pretensa retidão, serão recebidos por um Pai amoroso de braços abertos, desejoso de amar e de compartilhar a vida com seus filhos. A todos nós continua estendido o convite para a grande festa do Reino do Pai. Mas Jesus nos alerta: nesta festa somente podem entrar pecadores arrependidos.

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Parte das idéias e argumentos deste texto foram tirados do livro “O Deus pródigo” de Timothy Keller, publicado pela Thomas Nelson Brasil

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